Não
foram apenas casas, distritos e famílias inteiras, que o lamaçal de Mariana destruiu,
Minas Gerais e o Brasil esta em luto por
muito mais que bens materiais ou estruturas de alvenarias, ou mesmo a natureza
destruída, entre outros danos gravíssimos para o ecossistema que tende a durar
décadas. Aquilo que os veículos de comunicação nos apresentam, e que nos choca
é muito mais devastador que qualquer texto ou imagem podem descrever, Mariana
sofre com o luto por pessoas mortas, e outras ainda desaparecidas, por
histórias destruídas e símbolos de batalhas e vitórias diluídas em barro e dor,
lamenta por ver os seus sobreviventes desamparados e inertes à própria vida,
entregues à própria sorte. O mundo se assombra diante da certeza de que o homem
é destruído pela mesma natureza que invade sem respeito algum, mas que não
consegue obter controle, e jamais conseguirá.
Os
últimos noticiários vieram recheados de informações quanto a barragem que
assolou parte da cidade de Mariana, MG. A todo tempo informam à população sobre
as causas, os riscos, os efeitos e os possíveis danos irreversíveis quanto a
tragédia, e as vitimas em vários aspectos.
No entanto, mesmo com grande mobilização informada pela mídia, é visível
que pouco se tem feito efetivamente em prol das pessoas, ou mesmo quanto as
áreas atingidas, isto sem mencionar os problemas com o desequilíbrio ecológico.
A nítida impressão que tenho é que, não se sabe por onde começar.
Não
posso afirmar se isto se deve a má vontade ou incompetência mesmo dos
responsáveis, mas esta claro que simplesmente não existe nenhum preparo
para situações como estas, nada que
possa ser feito de modo imediato para diminuir um pouco a dor das famílias, e resolver de forma sensata e direcionada os
problemas que vão surgindo. Claro que ninguém espera que grandes tragédias como
estas sejam previstas, mas diante do material utilizado e do modo de
armazenamento, no mínimo, precauções básicas precisariam existir, além de um
plano emergencial quanto a possíveis “imprevistos”, se é que podemos
classificar dessa forma. No entanto, vemos as maiores vitimas sem rumo, e os
responsáveis pela mineradora, ainda mais desesperados e sem saber o que deve
ser feito.
Diante
da tragédia as informações não esclarecem se o que houve foi fatalidade ou
negligencia, sabe-se que a mineradora responsável pelas barragens é uma empresa
privada, e que aconteceram as vistorias necessárias, entretanto existem varias
falácias contraditórias quanto às respostas. Sem conclusões, quem mais sofre são
aqueles que nunca ganharam milhões, e perderam o seu trabalho, o seu lar, a
família, e a vida. Os rios a cada dia são dominados pelo barro em uma área de
10 mil quilômetros, que também já atingiu mares, e assim vai invadindo aquilo que
puder alcançar. sem tornar possível nenhum
dinheiro ou tecnologia impedir a sua força, muito menos sua destruição.
É
de se admirar uma empresa de grande porte, que deve contar com profissionais
especializados, não enxergar aquilo que qualquer amador ou observador de
geografia poderia afirmar, entre uma mistura simples de barro e água, isto sem
contar o tipo de material armazenado nesta barragem tão “bem” produzida para a
sua finalidade. É de chorar um lamaçal diante de tanta indiferença.
Não
sei se podemos ou devemos acusar o capitalismo pelo ruína de tantos valores
morais ou éticos, afinal em qualquer outro sistema financeiro existiram
devastações tão ou mais graves que esta, o problema não esta no sistema, mas na
forma como nos enxergamos, e como valorizamos a vida e o que podemos fazer
dela. A banalização da vida se contrapõe a uma supervalorização da matéria, que
visa atropelar a tudo e a todos em busca de algo que parece ser concreto, mas
não é, e as barragens nos provaram isso.
Não
imagino o quanto foi economizado pela empresa em melhorias e reforços, para que
esta barragem não se rompesse como aconteceu, mas garanto que será gasto muito
mais para consertar os estragos, que jamais serão consertados por completo. É
este o maior prejuízo, não existem meios que evitem o já acontecido, o perdido,
o falho.
Quanto a Mariana e seus habitantes, que não seja
apenas multas a punição aos responsáveis, que a dignidade seja o primordial
diante dos maiores prejudicados, para que não sejam tratados como empecilhos
que estavam no caminho das barragens atrapalhando a sua destruição. E que esta tragédia
sirva de exemplo, para que outras não se repitam. A reflexão precisa ser
desencadeada de algum modo à direcionar a humanidade ao caminho do equilíbrio entre
as suas necessidades e a natureza, para que assim não sejam ambos destruídos pela
ganância
Texto:
Grazy Nazario.
Escreveu de forma sensível...
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