Dois
amigos se encontraram na praça no dia do aniversario de São Paulo.
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Oi Zé Antônio tudo bom?
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Tudo sim e você Zé Maria?
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Não to bem não Zé.
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Mas por quê? A nossa terra da garoa esta com o sol brilhando, vamos festejar o
aniversario da nossa cidade.
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O que vamos comemorar de São Paulo? – Perguntou Zé Maria.
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Nossa. Muitas coisas – Disse o outro Zé satisfeito.
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Então me diga uma.
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Zé, São Paulo é a terra do trabalhador, aqui todos gostam de trabalhar, tem
tudo pra se comprar a qualquer hora e tudo o que é possível se encontrar no
mundo encontramos aqui.
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Zé Maria bufou:
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Não, você é ingênuo Zé. A realidade é outra, quem gosta de pegar o metro
explodindo de gente, ganhar pouco e precisar sobreviver na cidade mais cara de
se viver? Eu trabalho por que sou obrigado, queria mesmo ser herdeiro de algum
milionário, de preferência que não pedisse falência.
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Você não esta fácil hoje Zé.
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Eu estou fácil, difícil é viver aqui. – Respondeu Zé Maria indignado.
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Mas por quê? – Perguntou Zé Antônio surpreso. – Olhe que dia lindo! Essa praça
maravilhosa, os pássaros. Sampa faz 460 anos, claro que temos que comemorar.
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Então vou lhe dizer o que comemorar. - Zé Maria disse irritado. - Desde que sai
da minha casa até chegar nesta praça central contei no mínimo 460 Zés.
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O que?
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Foi o que eu disse, na minha comemoração vou contabilizar todos os Zés da minha
vida.
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Não entendi. Zés? – Perguntou Zé Antônio confuso.
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E o que seria isso homem?
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De onde eu venho é normal usar o “Zé” pra indicar alguém que você não conhece o
nome. – Zé sorriu ironicamente.
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E daí? – Perguntou o amigo curioso.
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Contei desde que sai de casa, começando pelo Zé da faixa que não tem ônibus, o
Zé dos buracos na rua, o Zé fofoqueiro que não para de falar da minha vida, o
Zé fura olho que tentou “pegar” a minha mulher, o Zé da conta de Luz, da água,
o Zé que roubou o meu celular quando eu estava a caminho daqui...
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Nossa é muito Zé mesmo. – concordou ele.
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Claro que sim, sem falar do Zé do condomínio e o Zé que não me paga em dia.
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Eu entendo a sua revolta meu amigo Zé Maria, mas temos que pensar no lado
positivo das coisas.
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Claro que sim. – Ele sorriu ironicamente – Posso falar mais Zés?
Zé
Antônio concordou com a cabeça.
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Temos também o Zé do mensalão, e o Zé do quartel do metro, o Zé do rolezinho, o
Zé preguiçoso e o Zé que não usa fone de ouvido no ônibus.
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Caramba! Você me pegou agora. – Ele ficou pensativo. - Vindo pra cá de carro eu
passei pela via que tem três sinalizações diferentes de quilometragem, acho que
fui pego pelo Zé da multa.
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É isso meu amigo, você já entendeu o ritmo da brincadeira. – Disse Zé Maria ao
bater em suas costas.
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Mas você encontrou os 460 Zés?
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Vichi Maria! Encontrei mais, pra uma cidade desde tamanho e com tanto dinheiro já
ta sobrando Zé.
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Queria dizer mais um Zé, você me permite Zé Maria?
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Claro, fique a vontade a festa é nossa!
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O pior, o Zé idiota! Os contribuintes pra tudo isso funcionar. Vamos embora
encher a cara no bar do Zé pra ver se esses outros descem mais fácil goela
abaixo.
Por:
Grazy Nazario. MTB. 74588/SP.
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