Da série - Mais um conto que eu conto
A
todo o tempo nos vemos confundidos e surpresos por situações já conhecidas, mas
que simplesmente não paramos para pensar, talvez falta o “tempo”, ou apenas
interesse mesmo. São assim, quase
imperceptíveis os contrastes que nos acompanham, e que muitas vezes não percebemos,
caminhamos com a queda e o triunfo, assim também acontece com o amor e o ódio, ou
mesmo a lucidez e a loucura, apenas uma linha tênue os separam de ser um ou
outro, enlouquecer com as confusões de nossa mente pode ser questão de tempo e
espaço, é assim, com todas as pessoas que param mais de alguns minutos para
pensar, para questionar o porque de tudo, e validar a própria existência. Assim
era Pedro, com a sua ingenuidade quase dissimulada, chegou de forma tosca a um
momento de desentendimento, e a partir do que estaria tão definido e claro,
surgiram as duvidas. A sua historia é algo inacabado, assim como a nossa, a
cada dia uma linha com novas situações ou velhos problemas, assim ele aprendeu
e ensinou, e como todos nós, tem muito a contar.
Pedro
sempre foi muito agitado, desde criança já era briguento e algumas vezes se
envolveu em brigas na escola, não era considerado um mau menino por colegas e
professores, mas tinha o “pavio curto”, e isso era um problema sério para todos
a sua volta. No entanto, não era tão difícil controlar o garoto, até alguém
falar do seu time de coração. Isto mesmo, Pedro era fissurado por futebol, mas
não estou falando de torcer uma vez por semana na frente da televisão, isto é
coisa de pessoas normais, e isto estava longe de ser a normalidade dele. O
garoto colecionava tudo, desde álbuns, camisetas, à papeis de bala, era uma
verdadeira doença. Mas todos encaravam isso como algo normal, já que ter ídolos
faz parte do desenvolvimento da criança, ao menos foi o que disse o psicólogo
aos pais, quando julgaram que o garoto estava passando dos limites.
Conforme
Pedro cresceu, pouco foi mudado, o rapaz já acostumado a ir a todos os jogos do
time de coração, organizava a sua vida em relação a qualquer aspecto baseado
nos jogos do seu time. Logo começou a trabalhar, e é claro que todo dinheiro
que tinha nas mãos iam direto para despesas com os jogos. Os seus amigos eram
todos da torcida que fazia parte, lá existiam pessoas de todas as classes
sociais, e em pouco se diferenciavam de Pedro, os assuntos eram o time, as
contratações, os campeonatos, nada fugia daquilo, inclusive os torcedores dos
outros times, que eram como inimigos mortais.
A
adoração de Pedro pelo futebol não era algo feito, ou arquitetado por alguém, o
pai era torcedor, mas nada fora do comum, nem tinha tios ou outros parentes que
se comportavam assim, aquela dedicação de Pedro era algo que vinha dele, e nem
mesmo ele sabia como ou porque estava ali, e também jamais se interessou em
saber como aquilo se iniciou, o importante era que ele se conhecia daquela
forma, e era assim que levava a sua vida.
Pedro
além de ser jovem, era um belo rapaz, corpo esbelto e com um ar de menino incorrigível,
era difícil entrar em algum lugar e não ser notado, muitas meninas queriam
namorar ele, e algumas até conseguiram, mas todas enfrentaram sérios problemas
em relação ao seu fanatismo. A começar que o rapaz pouco tinha de tempo para se
dedicar a muitas coisas, já que trabalhava, e as horas de folga quase sempre
estavam ocupadas. Todas as garotas que namorou cobravam que queriam fazer
“programas normais”, já que o rapaz só queria estar nas arquibancadas,
inclusive viajando para não perder nenhum jogo, era coisa de louco mesmo. Sem
contar que a garota não podia, de forma alguma, torcer por outro time, isso era
imperdoável. Além disso, Pedro se dizia “sem tempo”, e dizia que para namorar
era preciso dedicação, e ceder em coisas que ele nem estava disposto a pensar,
ele queria torcer e acompanhar o seu time com liberdade, do jeito que era, e
outras preocupações o atrapalharia, assim conhecia uma e outra e estava
satisfeito.
Por
algumas vezes Pedro se envolveu em assuntos graves envolvendo futebol, torcidas,
brigas e até uma morte. Os pais acreditavam que o filho não era uma má pessoa,
e como nada foi provado, ele não foi condenado. Mas Pedro sabia de sua culpa,
sabia que havia feito diversas maldades, mas o incrível é que ele não se
importava, era como se não fosse com ele, como se estivesse distante de ter
consciência de algo além da sua paixão.
Era uma vida limitada em vários sentidos.
Pedro não saia muito, os seus passeios eram sempre para o estádio, queria
assistir o seu time de futebol, podia ser no final de semana a tarde, a noite
ou até de madrugada, como assim fizera quando o seu time foi para outro
continente. Pedro não media esforços.
É
claro que um comportamento tão exagerado iria gerar diversos conflitos, tanto
com os pais, como com qualquer outra pessoa que não concordasse com a sua
conduta, ou a sua visão. Pedro vivia como se estivesse envolto por algo que
desconhecia, era como se ele não controlasse mais o que pensava e o que sentia,
como se a sua vida não lhe pertencesse, e ele estivesse sendo guiado por algo
mais forte e mais importante que ele.
Certa
ocasião algo aconteceu, e foi como se um tsunami tivesse atingido a vida de
Pedro, sabe aquilo de bagunçar tudo, quebrar as suas certezas e questionar as
suas conquistas! Foi assim, de um modo como ele jamais imaginaria que fosse
possível. Pedro se envolveu em mais uma briga, mas dessa vez ele levou a pior.
Após uma emboscada, feita provavelmente por pessoas como Pedro, ele foi atacado
junto com mais dois amigos, André e Gustavo. Dessa vez ele havia apanhado de
outros torcedores e da policia, e só não morreu porque Deus não permitiu,
segundo as palavras de sua mãe.
Depois de dias internado no hospital, entre a
vida e a morte, a mãe se revoltou. Inconsolável dona Cecilia não se conformava
com o que estava vendo, se punia, e se perguntava onde estava o seu erro,
afinal, em que parte estava o momento que ela deixou passar, o que então, ela
poderia ter feito para impedir que o seu filho se tornasse alguém sem
identidade, sem amor, ou sem qualquer compaixão por si e pelo próximo, não entendia
como o filho se tornara um homem sem nenhum respeito a ninguém, já que por
varias vezes fizera o mesmo com outros torcedores, e também já deixara outras
mães naquele estado. A mulher não se perdoava, não entendia, e se questionava.
Por que comigo? Por que com ele?
Em
meio a um desespero apenas de quem é mãe, ela chorou, mas Cecilia chorou por tanto
tempo que pensou que fosse secar todo o liquido do seu corpo por tanto sofrer.
Após passar o inicial momento perturbador, a mãe de Pedro se sentiu parte
daquilo, e a parte mais culpada possível. Assim, Cecilia que não era nenhuma
Beata, mas que também não era incrédula ajoelhou-se frente o filho, ignorou a
presença da enfermeira do leito ao lado e iniciou uma prece.
Naquele
momento Cecilia pediu para Deus e todas as criaturas do céu e da terra, que
tivessem algum poder a mais que ela, e que de alguma forma pudesse ajuda-la e
ajudar ao filho, que se manifestasse. A fé de Cecilia parecia movida pela dor,
a mulher começou a sentir o corpo esquentar, primeiro as mãos, até chegar aos
pés, nem de longe sentia o frio que estava quando chegou ao lugar. Ainda em sua
prece, pediu que o filho fosse livrado daquela doença, mas ela não falava dos hematomas
e das fraturas, a doença era referente ao futebol, mas não apenas ao futebol em
si, mas a todo resto. A mãe centralizou toda a sua fé em uma força extraordinária,
a quem pudesse intervir a favor de um ser que lhe pedia atenção e socorro.
Após
a prece, dona Cecilia sentiu um cansaço fora do normal, deitou na poltrona que
tinha no quarto e foi tomada por um sono profundo, que até hoje não se sabe de
onde veio, mas Cecilia, diz saber sim, e muito bem.
Pedro
estava radiante em sua arquibancada assistindo a mais uma partida de futebol do
seu time, o seu coração vibrava, seria possível que o seu time fosse o campeão
da rodada, mas naquele jogo o time não estava bem, Pedro estava bem irritado.
Em certo momento, Pedro percebeu a presença de um homem, ele estava sentado ao
seu lado, vestia calça marrom e uma blusa amarela, Pedro estranhou as vestes,
já que o uniforme era um orgulho para os torcedores. Olhou para o homem e algo
lhe soou familiar, talvez os olhos, e o sorriso pareciam de alguém bem
conhecido, e isso gerou certa simpatia entre os dois.
O
homem logo puxou assunto com Pedro, lhe disse que por mais que conhecemos as
pessoas nunca é o bastante, porque cada um percebe as coisas de acordo com a
sua visão do mundo, e isso as vezes muda, você pode ver as mesmas coisas varias
vezes e a sua opinião ser diferente, pois vai depender do seu humor e da sua
sensibilidade daquele momento, e disse que não tinha como definir aquilo. Pedro
achou o papo muito estranho, quis rir na cara do sujeito, mas achou que não
seria legal, também achou bem sem graça o tal homem lhe falar coisas sem pé nem
cabeça em uma partida de futebol. Então o homem continuou a conversar com ele.
Disse a Pedro que o conhecia um pouco, e já fazia ideia do que ele estava
pensando, mas que ia explicar o que queria dizer. Pedro não se assustou, na
verdade ele se interessou muito, e sentiu que o som do campo ficava distante,
já não ouvia mais os gritos da torcida ou o barulho dos jogadores do campo, era
como se ele observasse o jogo de um camarote fechado, e que estava apenas ele,
e o tal homem simpático.
O
homem olhou bem para o campo, disse que entendia aquela vibração toda, e que a
energia daquela torcida era algo muito bom, mas não conseguia compreender por
que Pedro não queria se desligar daquilo. Na verdade, ele sabia muito, demais
mesmo, mas a resposta de Pedro era muito importante, não para o homem, e sim
para ele. Pedro se empolgou, abriu um sorriso de orelha a orelha, coisa linda
de ver os olhos de alguém brilhar com tanta sinceridade, acho que aquilo é
amor, e se não for é algo bem próximo de amor. Sem pestanejar, Pedro começou a
falar, mas as palavras foram tão belas, que prefiro reproduzir como ele as disse:
-
Você esta errado moço, a vibração e energia não são boas, isso é maravilhoso!
Ninguém que não esta aqui comigo pode saber o que eu sinto.
-
Então me diga você. – Disse o homem.
-
Existe uma vibração que faz o corpo arrepiar, o sorriso ficar na porta da boca,
e cala a minha voz. Não importa quem são os jogadores, ou o que estão dizendo
sobre quem nós somos, por que juntos enquanto carregamos esta camisa somos um
só, em um único objetivo, de gritar gol. Não importa a religião, se é homem ou
mulher, negro ou branco, criança ou velho, aqui somos um só, aqui somos o nosso
time. Você já sentiu o seu coração bater bem forte, como se fosse sair pela
boca, como se dissesse aos gritos que você está vivo, já sentiu uma emoção de
subir dos pés a cabeça?
-
Sim. – O homem sorriu. – Eu sei do que esta falando.
-
Olhe para este lugar. – Pedro apontou para o centro do campo, passou os olhos
por toda a torcida, pelo rosto das pessoas, a agonia, a aflição, o medo, a alegria...
Parecia que todas as emoções estavam presentes ali, em cada rosto, em cada
pessoa daquele lugar.
-
Você tem razão Pedro. – Disse o homem como se lesse os seus pensamentos, como
se não precisasse mais abrir a boca para dizer algo, como se existisse uma
sintonia fina e agradável entre os dois. Pedro percebeu isso, e não ignorou.
-
Eu sei que tenho razão. – Ele respirou fundo e sorriu com leveza. – Isto é
incrível!
-
Pedro. – Disse o homem como se tivesse uma intimidade inigualável com o rapaz.
- Você já pensou que pode estar com os olhos encobertos, por que viver não é
tão fácil como parece. Daí se torna mais fácil basear todas as possibilidades
de uma vida na vitória ou derrota do seu time.
-
Então em que esta baseada a vida Sr. Sábio? Já que é tão sabedor de tudo. –
Disse Pedro quase irônico.
O
homem lhe sorriu.
Seria
bom se fosse assim meu amigo. – Ele respondeu serenamente. – Fazer uma pergunta
simples, e receber uma resposta simples.
-
Mas tem que ser assim, se eu estou errado, me diga o que é certo. - Respondeu
Pedro convicto.
-
Mas eu não posso fazer isso, não posso obrigar você a tomar um rumo decidido
por mim, você precisa enxergar o que quer, o sentido da sua vida, a sua busca
pertence a você, e não sou eu a decidir.
-
Assim você me complica! – Respondeu Pedro visivelmente mais a vontade com o homem.
E em seguida respondeu. – Já que é assim, eu poderei continuar a amar o meu
futebol, continuar a ser um torcedor de verdade, e ser como eu sempre fui.
-
Sim. Você pode fazer isso. A decisão é sua, e somente sua. – O homem o olhou
nos olhos. – Mas eu duvido que isso aconteça.
-
Pois não duvide!
-
O que você pensa sobe a morte? – Questionou o homem.
-
Eu não tenho medo de morrer. – Respondeu Pedro de forma automática, e logo em
seguida pensou.
- Eu nunca parei pra pensar nisso.
-
Eu sei Pedro, você não para pra pensar em muitas coisas. – Ele o olhou serenamente.
– Faz tempo que não faz isso.
-
O que você quer, me confundir? – Perguntou Pedro irritado.
-
Eu não quero fazer isso, apenas quero que você se dê outras oportunidades, e
que não tenha tanto medo de enxergar a vida como algo grandioso.
-
Mas eu não tenho medo disso!
-
E do que tem medo?
-
Eu não quero parar pra pensar nisso. – Disse Pedro levemente irritado. – A vida
aqui dentro é mais confortável, eu consigo sentir todas as emoções... Ele disse
tentando se convencer de algo que ainda não sabia o que era. - Eu trabalho também se você não sabe! – Ele disse,
e foi corrigido pelos pensamentos na mesma hora, ele não trabalhava, apenas tinha
um meio de manter o seu fanatismo.
-
Eu entendi o que disse, estamos em sintonia, o que você sente, eu sinto. – O homem
lhe sorriu, e em seguida a sua expressão se tornou seria. - Houve mortes nesta
briga. Os seus dois amigos já não estão mais neste mesmo plano que você, eles já
não estão vivos da maneira como você conhece a vida.
-
Como assim morreram? – Perguntou Pedro extasiado.
-
Por medo do que terá que enfrentar, prefere não conhecer as suas responsabilidades.
Você acha que está neste planeta agora, que tem um coração batendo dentro de você,
órgãos e veias em perfeita sincronia para isso?
Pedro
permaneceu calado. Foi a primeira vez que o rapaz sentiu o seu coração bater
daquele jeito, sem ser por seu time de futebol, dessa vez com a consciência de
que ele estava ali para mantê-lo vivo, e era aquilo, a vida, a única resposta
que ele tinha para qualquer pergunta. Pedro olhou para as próprias mãos e notou
as veias, e como se sentisse o movimento da corrente sanguínea ficou a observar
o funcionamento do seu corpo.
-
A sincronia é perfeita. – Ele disse admirado. – Como um time perfeito, com a
melhor defesa, e o ataque mais ofensivo que pode existir, e o meio de campo
coordenando tudo como um maestro... E o técnico, a nossa mente brilhante,
coloca o time do jeito certo. Aí é jogos e mais jogos de vitória, e grandes
campeonatos para a nossa coleção. -
Pedro riu da própria analogia. – Você deve me acha um lunático!
-
Não, isso você era antes. – O Homem sorriu. – Agora você é um gênio! Mas você
deve se lembrar de que, mesmo com um grande time, por vezes perdemos, mesmo
lutando muito, e muitas vezes merecendo a vitória, algumas vezes a vida quer
nos dar lições, nos fazer enxergar outras situações, ser forte exige muito
treino, e continuar sendo bom e doce, é uma habilidade que poucos possuem,
afinal, sempre queremos ganhar. Mas as vezes a derrota é que nos ensina a
superar coisas esquecidas ou encobertas pelo nosso ego. Todos podem ter bons
times, mas nenhum será invencível.
-
Eu não sei se quero conviver com isso. Esta verdade me assusta. – Respondeu
Pedro covardemente, atitude normal, e esperada por qualquer pessoa.
-
Isso também é uma escolha sua Pedro. – O homem tocou em seu ombro. – Tudo
aquilo que for referente a você, devera passar por sua avaliação, e cabe a você
decidir diante dos caminhos que lhe são apresentados, mesmo quando você os procura,
você tem o direito de ir ou não. Isto se chama livre arbítrio.
-
Eu não lhe direi o que é certo ou errado. – Disse o anjo. – Apenas lhe
mostrarei as opções, para isso o autoconhecimento existe, para assim você decidir
a partir do que se conhece o melhor caminho para você.
-
Eu não tenho escolha. – Lamentou Pedro.
-
Todos temos escolhas, sempre temos.
Ao
abrir os olhos o primeiro rosto visto foi o de Dona Cecilia, que mesmo aflita e
chorosa, aguardava ansiosa por ver os olhos do filho aberto. Assim que ele viu
a mãe, sentiu algo inexplicável em forma de carinho, não se lembrava de muitas
coisas, sabia que tinha sonhado, sabia que esteve em uma briga, logo perguntou
sobre os amigos, e a mãe lhe respondeu que os dois não suportaram e morreram.
Ele arregalou os olhos, num misto de dor e satisfação, teve certeza de que
aquilo que vivera não foi um sonho, foi uma chance, que poucos tinham.
Pedro
não entendeu muito bem o que acontecera naquela tarde, nada estava muito claro,
ele sabia que precisava dar vários passos para algo além daquilo que ele
conhecera, mas sabia que os dois amigos já não estavam entre ele, e se ele ainda
estava ali, era porque algo ele precisava ensinar ou aprender. E assim faria.
Parabéns, gostei muito!
ResponderExcluirObrigada! :)
ExcluirMuito bom o conto... emocionante e mostra como muitas pessoas agem na sociedade e na vida pessoal gostei muito, escreva mais contos vai ser um prazer ler, para ser sincera leria até sua lista de compras!!!
ResponderExcluirMuito bom ler isso! Que bom que emocionou, não existe nada mais prazeroso que isto. Obrigada por comentar. Vou continuar a escrever sim. Sugiro que leia o "Sem noção de Obsessão", depois deste é o meu preferido. Beijos Obrigada!
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