Possibilitar
aos cidadãos o direito de reivindicar seus direitos e melhorias diante de
qualquer serviço público é o principio da democracia, e faz parte do processo
de construção de uma sociedade critica e consciente de seus direitos e
deveres. Nas ultimas
semanas foi possível acompanhar este processo de perto, após o reajuste no
transporte publico de algumas cidades do país foram iniciados uma onda de
protestos. Enquanto os órgãos responsáveis alegam estar agindo de acordo com as
leis, a população não satisfeita com as mudanças prossegue com suas
manifestações e tudo indica que ainda existirão alguns confrontos até um acordo
efetivo acontecer.
Enquanto os
protestos acontecem e assistimos as guerras cotidianas pela televisão, a vida
real acontece no dia a dia das pessoas que precisam do transporte publico diariamente.
Estes entre os 3,7 milhões de
pessoas que circulam diariamente pelos 70,6 quilômetros de extensão da malha metroviária, são estas as pequenas “formiguinhas”
que sofrem com a super lotação, lentidão, aperto, etc. E alem de todas estas
maravilhas precisa apelar para seus santos e orações quando se inicia uma
greve, por que quando isto acontece, nem sentado ou em pé, simplesmente ninguém
chega a lugar nenhum!
Quanto aos
usuários, são pessoas que deixam suas casas para se aventurarem em um
transporte publico desumano, que não visa conforto, praticidade e nem de longe
preserva o bom humor dos passageiros, é como um bilhete para o inferno que se é
obrigado a comprar e agradecer.
Os números
são assustadores, e as “vítimas” do transporte público de São Paulo já se acostumaram
a sofrer, pois não tende a reclamar por melhorias, só se sentem lesados quando
lhe tiram alguns centavos a mais, enquanto o seu material de trabalho (corpo e
mente) já chega exausto ainda no inicio do expediente, cansado de ficar de duas
a três horas tentando chegar ao seu destino.
Sem mencionar quando este “infeliz” tenta usar um carro, além de custar
mais caro, o sofrimento pode ser pior, afinal estamos falando sobre de umas das
maiores extensões de congestionamentos do mundo.
Os
trabalhadores que movimentam a economia da maior cidade do país, sede da
abertura da Copa de 2014, vivem um absoluto caos urbano ignorado por políticos
e vivenciado arduamente por seus usuários descrentes de melhorias, se vendo
apenas na obrigação de pagar seus aumentos que em nada garantem um padrão
mínimo de qualidade. Enquanto o aumento das passagens acontece de acordo com as
leis e respeitando a inflação anual, o salário do trabalhador e contribuinte, o
tal que sustenta e usufrui das mazelas do sistema permanece com reajustes irrisórios.
O fato é
que para efetivar grandes transformações são necessários alguns sacrifícios, pois
infelizmente alguns órgãos públicos brasileiros ainda encaram como favor o que
devem fazer por obrigação. E mais uma vez sofremos com violências e
depredações, e é claro que quem perde e paga a conta são os contribuintes e frequentadores
do metro, ônibus, e vias publicas.
Meio a
tantos protestos e reivindicações que se estendem por cidades brasileiras, é
preciso que as pessoas sejam tratadas com dignidade, e que sejam reconhecidas como
peça fundamental para a locomotiva econômica e social do país. As reivindicações
devem proceder não apenas priorizando o preço das passagens, mas principalmente
exigindo qualidade de transporte para a garantia do direito de ir e vir. Os
políticos precisam levar o Brasil e os brasileiros a serio, e trabalhar de
verdade, parar de empurrar com a barriga situações que dependem de quem se
propôs a resolver problemas e é remunerado para isto.
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