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domingo, 16 de fevereiro de 2014

Irracional consciente! - Brasil País de todos?

Outro dia ouvi de um amigo que somos seres “irracionais”, ele me disse isso friamente e não fez uso das aspas como eu, era isso no sentido literal da palavra. Em pouco tempo de reflexão diante nossa realidade social entendi o seu sentido amplo, tão obvio e incoerente em uma sociedade que se diz civilizada, e o que no reino animal seria considerado abominável pelos seres humanos torna-se digno de aplausos quando os protagonistas e plateias são os que se dizem racionais.

Infelizmente há tempos não é difícil encontrar motivos para avaliar a desumana humanidade, nada contra a justiça e o esperado “acerto de contas” com a sociedade diante de crimes e delitos que afetem de algum modo as pessoas, afinal as leis existem não apenas para organizar e manter a ordem, mas também para garantir a todos o direito de ir e vir.

As grandes cidades estão cheias destes exemplos, em cada esquina, avenidas e agora também nos postes e placas. É isto, na era digital e revolucionaria das maquinas e globalização, a raça humana é tratada e pensa de forma irracional, como se não existisse parâmetros, apenas punição. Os que se dizem “justiceiros”, injustamente criam e executam as próprias leis, como se possuíssem autoridade e discernimento para tal ato, e disfarçados de pessoas de “bem” cometem o mal não apenas a sua vitima, mas também ao convívio social, as leis e aos direitos de pertencer à sociedade.

Casos como o do jovem do Rio de Janeiro que foi humilhado e preso nu ao poste como um bicho é apenas um indicio de como as pessoas estão presenciando atos de agressão e desrespeito ao próximo e simplesmente não se dão conta disso, não existe estranhamento, é comum ouvir: “se o rapaz era marginal mereceu mesmo”! E a justiça existente para medir a intensidade de seus crimes ou formas de readapta-lo apenas não é levada em consideração, como se não importasse.

É muito mais fácil jogar alguém em uma jaula e esquecer que ele existe, negar o que isto provoca e negligenciar os direitos à humanidade, a vida. Bonito é ficar a beira mar na cidade maravilhosa, negar a própria historia e estabelecer o que merece ou não ser ilustrado como digno da liberdade. Fingir uma realidade bela é muito mais fácil do que modifica-la verdadeiramente. Manter a cultura de se contentar com pouco ou nada gera menor custo e exige-se menos, só não reclame quando estas sementes nos presentear com seus frutos, por que cuidando ou não eles irão surgir.   

Se a justiça não existe ou se simplesmente não se faz presente como deveria, a luta deve ser contra isso, a cobrança deve estar ligada as leis e condições dignas para que o número de infratores da lei diminua e se reconheçam como pessoas, ou faltará cadeias e postes para castigar tantos filhos do sistema.

É obvio que ninguém quer ter seus bens roubados, sofrer pressão psicológica ou ser tratado como maldoso por ter uma situação financeira razoável diante de padrões miseráveis do Brasil, no entanto a intolerância e incoerência apenas faz crescer a injustiça a todos, e enquanto os gladiadores se enfrentam nas arenas de ruas e avenidas, os grandes responsáveis assistem de camarote a massa se destruir a cada dia, e perder os seus valores na irracionalidade consciente de cada dia.


Por: Grazy Nazario. MTB. 74588/SP.

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