Outro
dia ouvi de um amigo que somos seres “irracionais”, ele me disse isso friamente
e não fez uso das aspas como eu, era isso no sentido literal da palavra. Em
pouco tempo de reflexão diante nossa realidade social entendi o seu sentido
amplo, tão obvio e incoerente em uma sociedade que se diz civilizada, e o que
no reino animal seria considerado abominável pelos seres humanos torna-se digno
de aplausos quando os protagonistas e plateias são os que se dizem racionais.
Infelizmente
há tempos não é difícil encontrar motivos para avaliar a desumana humanidade,
nada contra a justiça e o esperado “acerto de contas” com a sociedade diante de
crimes e delitos que afetem de algum modo as pessoas, afinal as leis existem
não apenas para organizar e manter a ordem, mas também para garantir a todos o
direito de ir e vir.
As
grandes cidades estão cheias destes exemplos, em cada esquina, avenidas e agora
também nos postes e placas. É isto, na era digital e revolucionaria das
maquinas e globalização, a raça humana é tratada e pensa de forma irracional,
como se não existisse parâmetros, apenas punição. Os que se dizem
“justiceiros”, injustamente criam e executam as próprias leis, como se
possuíssem autoridade e discernimento para tal ato, e disfarçados de pessoas de
“bem” cometem o mal não apenas a sua vitima, mas também ao convívio social, as
leis e aos direitos de pertencer à sociedade.
Casos
como o do jovem do Rio de Janeiro que foi humilhado e preso nu ao poste como um
bicho é apenas um indicio de como as pessoas estão presenciando atos de
agressão e desrespeito ao próximo e simplesmente não se dão conta disso, não existe
estranhamento, é comum ouvir: “se o rapaz era marginal mereceu mesmo”! E a
justiça existente para medir a intensidade de seus crimes ou formas de
readapta-lo apenas não é levada em consideração, como se não importasse.
É
muito mais fácil jogar alguém em uma jaula e esquecer que ele existe, negar o
que isto provoca e negligenciar os direitos à humanidade, a vida. Bonito é
ficar a beira mar na cidade maravilhosa, negar a própria historia e estabelecer
o que merece ou não ser ilustrado como digno da liberdade. Fingir uma realidade
bela é muito mais fácil do que modifica-la verdadeiramente. Manter a cultura de
se contentar com pouco ou nada gera menor custo e exige-se menos, só não
reclame quando estas sementes nos presentear com seus frutos, por que cuidando
ou não eles irão surgir.
Se
a justiça não existe ou se simplesmente não se faz presente como deveria, a
luta deve ser contra isso, a cobrança deve estar ligada as leis e condições dignas
para que o número de infratores da lei diminua e se reconheçam como pessoas, ou
faltará cadeias e postes para castigar tantos filhos do sistema.
É
obvio que ninguém quer ter seus bens roubados, sofrer pressão psicológica ou
ser tratado como maldoso por ter uma situação financeira razoável diante de
padrões miseráveis do Brasil, no entanto a intolerância e incoerência apenas
faz crescer a injustiça a todos, e enquanto os gladiadores se enfrentam nas
arenas de ruas e avenidas, os grandes responsáveis assistem de camarote a massa
se destruir a cada dia, e perder os seus valores na irracionalidade consciente
de cada dia.
Por:
Grazy Nazario. MTB. 74588/SP.
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